A distância entre nós
- Quarentenas.com
- 1 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de abr. de 2020
*Por Andrea Muller

Estamos ao alcance uns dos outros, mas literalmente #distantes.
Os #aeroportos nunca foram lugares tão silenciosos, não há #ninguém na partida nem na chegada.
Cada um recolhe suas malas, engole seu choro, olha para o #vazio e vai em frente fazer a sua #quarentena em algum canto arranjado.
Nesse #canto, #alguém que ama você, deixou por lá um rastro de afeto. Deixou a cama arrumada, a geladeira abastecida, enfileirou bananas, laranjas, maçãs e limões na fruteira, deixou um bilhete: fique em casa! Fique bem! Deixou um #beijo escrito com a mão cheia de #esperança e o coração partido, sedento por um abraço.
Esse alguém fez isso #solitariamente e voltou para a sua própria quarentena.

Não sei onde li, mas adorei:
“Quando alguém mora no seu coração não existe distância. Ela está sempre ali presente e a prova mais concreta disso é quando acontece o reencontro e a sensação de que nunca houve uma separação”.
Eu me sinto cem por cento assim com as pessoas pelas quais tenho apreço, afeto, admiração. Passam #dias, #semanas, #meses e #anos, mas a intensidade da existência não consegue afrouxar as cordas do #afeto.
Anos atrás foi realizado um #encontro da minha #família, organizado por etapas.
Durante a semana foram se reunindo a velha guarda, os irmãos, cunhadas e cunhados. Eles passaram a semana juntos, cada um chegou de um canto.
No sábado chegaram os descendentes - #filhos e #netos. O resultado foi uma farra geral com direito a torneios de bocha e canastra entre #jovens e #velhos.

E o que é a graça da #vida? É estar #junto, rindo, brincando, comendo, lavando louça, contando e ouvindo #histórias, as conquistas de um, os dilemas de outro. É sentir o #calor, o bafo, a mão de quem conhece a nossa #estrada, já percorreu quilômetros para nos #encontrar.
A distância é nada quando seu coração é um chiclete que gruda tanta gente.
Ligo o rádio e ouço a Maria Gadu cantar:
"Todos #caminhos trilham pra gente se ver/ todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu/eu ligo no sentido de meia verdade/ metade inteira chora de #felicidade/ a qualquer #distância o outro te alcança/ erudito som de batidão/ #dia e #noite céu de pé no chão".

Simples assim. Cultive e alcance suas distâncias quando tudo isso passar.
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Todos os dias publicamos posts interessantes e originais.
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* Andréa Muller, 53 anos, jornalista e cronista. Trabalha há mais de 30 anos na assessoria de comunicação de uma indústria de petróleo, cuidando de imagem e reputação e comunicação com todos os públicos de interesse, além de coordenar projetos de responsabilidade social. Escreveu #crônicas por 10 anos no Jornal Agora, em Rio Grande (RS) e por dois anos manteve um programa de entrevistas – A Boa conversa, na TV MAR. É autora do livro de crônicas O Nó da Gravata.
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